Eram 11 horas da noite. Eu tinha estudado todo o local. Nas últimas semanas os donos mudaram as câmeras de posição e colocaram em pontos mais visíveis. No total vi sete. A frente da loja era composta por um vidro blindado que evidenciava seus produtos. Ela era grande, bonita e muito iluminada, parecia um templo composto por dois andares.
Possuía duas entradas e um estacionamento para clientes ao lado. Nas paredes laterais que davam o acesso para o estacionamento, podia ver a saída dos condicionadores de ar. Havia chegado bastante produtos e eu estava louco para tê-los.
Iniciei o meu plano.
Nesse horário, a rua estava deserta então não tinha medo de ser visto. Percebi que apenas a posição das câmeras do estacionamento não foi modificada, por isso decidi entrar por lá. Passei pelos pontos cegos que eu tinha descoberto invadindo o sistema de segurança.
Peguei minha mochila e fui empurrando-a para frente. Agora, tinha que engatinhar até chegar no banheiro feminino o, mais próximo da central de segurança. A ideia era desligar a chave daquela sala, para cortar energia das câmeras.
A tarde eu tinha implantado um vírus no sistema, interligado a rede da empresa responsável pela a segurança da loja, mas ele só desativava os sensores de presença durante 20 minutos, pois eram a bateria. Eu tinha que ser rápido. Assim que entrei na sala onde ficavam os monitores, deliguei a chave das câmeras.
Pronto, não se via mais nada nas telas.
Desci onde eu queria, corri pelos os corredores e cheguei no meu paraíso. Não perdi tempo, enchi minha mochila com aquelas maravilhas. A vontade era de levar a loja inteira mas logo teria oportunidade para mais roubos.
Faltava cinco minutos. Corri para a saída lateral, arrastei a mesa do escritório até a entrada de ar e engatinhei rapidamente até o caminho que eu tinha entrado. Assim que desci corri desesperadamente pelo estacionamento, os sensores já deveriam ter voltado a funcionar.
De repente uns policiais surgiram.
Merda, o que eles estavam fazendo ali? Não dava para correr muito rápido, a mochila estava pesada. Aquela era a loja grande mais fácil de ser roubada.
Eu já estava ofegante, não iria conseguiria correr mais deles. Até que um me alcançou.
- Hei! Fim da linha garoto - ele me puxou pelo o braço e me imobilizou.
O outro chegou já abrindo minha mochila.
- Então pegamos você, seu pivete! Seus pais vão adorar saber disso.
- Eu não tenho pais - falei relutando ainda.
- Chega seu filho de chocadeira, você não vai fugir essa noite - o outro me encarava com um olhar de deboche.
- Vamos ver o que ele roubou, a empresa foi inteligente em colocar sensores falsos. Os verdadeiros não estão à amostra - o policial puxou minha mochila bruscamente e a abriu.
Eles caíram em gargalhadas.
- Nossa, que ladrãozinho mais culto - o mais alto ironizava
- Olha isso, Drummond, Shakespeare, Paulo Coelho, Machado de Assis.. Não tinha nada melhor para roubar?
Eu olhei fixamente para ele e respondi sem titubear.
- Não, eu tomei para mim algo que você não podem me tirar: Conhecimento!