sábado, 25 de outubro de 2025

Outubro Rosa: Sua criança interior te ajuda a lutar contra o câncer




        Outubro Rosa é mais do que um mês de conscientização: é um convite para olharmos para dentro de nós mesmas, para nossa força, nossa vulnerabilidade e nossa capacidade de renascer. É um tempo de atenção à saúde, de autocuidado e, sobretudo, de resgatar aquela parte da nossa essência que muitas vezes se perde na rotina: nossa criança interior.



    A criança interior é a guardiã da nossa leveza, da nossa alegria espontânea e da capacidade de sonhar. É ela que, mesmo em momentos de medo, consegue rir, brincar e acreditar que dias melhores virão. Quando uma mulher enfrenta o câncer de mama, o medo e a insegurança podem se tornar companheiros constantes. É nesse cenário que reconectar-se com a própria infância se torna uma ferramenta poderosa de cura.







        Resgatar a criança interior não significa ignorar a realidade ou o tratamento médico. Pelo contrário: é um complemento que fortalece a alma. Ao permitir-se momentos de brincadeira, de música, de desenho ou de memórias felizes da infância, a paciente encontra refúgio emocional e espiritual. Essa conexão traz esperança, reduz a ansiedade e desperta a confiança de que cada etapa do tratamento pode ser enfrentada com coragem e serenidade.


            O sagrado feminino também entra nesse processo. É na força da própria feminilidade que muitas mulheres encontram resiliência. A criança interior, com sua pureza e sinceridade, nos lembra de honrar o corpo e as emoções, de escutar nossos limites e de celebrar pequenas conquistas diárias. O autocuidado torna-se ritual: um banho de ervas, a prática de meditação, a contemplação da natureza ou simplesmente permitir-se sorrir e se entregar à leveza do momento.

Referenciais femininos inspiradores podem servir de guia nesse caminho. Mulheres que se tornaram símbolos de coragem, criatividade e esperança nos mostram que enfrentar desafios não é apenas sobreviver, mas florescer em meio às dificuldades. Ao nos conectarmos com essa energia feminina, acessamos camadas de força interior que muitas vezes permanecem adormecidas.


A parte não é o todo

E quando perdemos?

Muitas vezes, pensamos que quando pessoas queridas e/ou referenciais fazem a passagem elas tiveram uma vida sofrida. Temoa até a mania de chamá-las de coitadas. Eu prefiro chamá-las de guerereis. O fato de uma pessoa ter morrido de câncer não apaga a tragetória da vida dela. Ou seja, o câncer foi apenas um capítulo da vida e, ela teve uma vida linda e plena lá trás. Sendo assim, o câncer foi a parte e não o todo. Em outras palavras, o câncer não define a história de ninguém.


🌟 Ananda Lewis: Uma Voz de Coragem, Autenticidade e Transformação



🎤 Início da Carreira e Ascensão na Mídia


        Nascida em 21 de março de 1973, em Los Angeles, Califórnia, Sarasvati Ananda Lewis destacou-se desde jovem por sua inteligência, carisma e engajamento social. Formada em História pela Universidade de Howard, iniciou sua trajetória na televisão como apresentadora do programa Teen Summit da BET, onde discutia questões sociais relevantes para a juventude negra americana. Sua abordagem sensível e articulada rendeu-lhe reconhecimento, incluindo uma indicação ao prêmio CableACE e um NAACP Image Award.


            Em seguida, Ananda migrou para a MTV, onde se tornou uma das VJs mais queridas da emissora. Apresentou programas como Total Request Live (TRL) e Hot Zone, conquistando uma base fiel de fãs e consolidando sua imagem como uma voz autêntica e engajada. Sua presença na televisão foi marcada por discussões abertas sobre temas como identidade, saúde mental e empoderamento feminino.


📺 Carreira Solo e Ativismo Social


        Em 2001, Ananda lançou seu próprio talk show, The Ananda Lewis Show, que abordava assuntos sérios com sensibilidade e profundidade, contrastando com outros programas da época. Sua postura respeitosa e informada atraiu elogios da crítica e do público. Após o término do programa, ela continuou sua carreira como correspondente no Entertainment Tonight e, mais recentemente, retornou à televisão em 2019 como apresentadora do revival de While You Were Out no canal TLC.


        Além de sua carreira na mídia, Ananda sempre foi uma defensora ativa de causas sociais, incluindo direitos civis, educação e saúde. Utilizou sua visibilidade para promover a conscientização sobre questões que impactavam comunidades marginalizadas, tornando-se uma referência de integridade e compromisso social.


💔 Diagnóstico e Luta Contra o Câncer de Mama


        Em outubro de 2020, Ananda revelou publicamente que havia sido diagnosticada com câncer de mama em estágio 3. Ela compartilhou sua experiência com a doença, enfatizando a importância da detecção precoce e do autocuidado. Apesar das recomendações médicas para tratamentos convencionais, Ananda optou por terapias alternativas, incluindo sucos detox, fitoterapia e regimes de desintoxicação. Essa decisão gerou debates sobre os limites entre escolhas pessoais e orientações médicas.


        Em outubro de 2024, Ananda anunciou que o câncer havia evoluído para estágio 4, afetando outros órgãos. Ela refletiu sobre suas escolhas anteriores e expressou arrependimento por não ter seguido as orientações médicas desde o início. Em uma entrevista com as jornalistas Stephanie Elam e Sara Sidner, Ananda compartilhou suas experiências e aprendizados, destacando a importância de priorizar a saúde e buscar informações confiáveis.


🕊️ Falecimento e Legado


        Ananda Lewis faleceu em 11 de junho de 2025, em Los Angeles, cercada por familiares e amigos. Sua irmã, Lakshmi Emory, anunciou sua morte em uma publicação nas redes sociais, afirmando que ela estava agora "livre, nos braços do Senhor". A notícia de seu falecimento gerou uma onda de homenagens e tributos, refletindo o impacto duradouro de sua vida e trabalho.


Ananda deixou um legado de coragem, autenticidade e compromisso com a verdade. Sua trajetória inspira profissionais da mídia, ativistas e todos aqueles que buscam viver de forma íntegra e engajada. Ela será lembrada como uma mulher que usou sua voz para promover mudanças significativas e que enfrentou a adversidade com dignidade e força.



Notícias

A razão da morte misteriosa de uma ex-VJ da MTV aos 52 anos 

Jornalista chora ao ler última mensagem de ex-VJ da MTV Ananda Lewis… 

Ananda Lewis, former MTV VJ who shared breast cancer journey, has died at 52




        A trajetória de Ananda Lewis nos lembra que a vida, apesar de seus desafios, é feita de coragem, autenticidade e amor. Elas enfrentaram o câncer com força, transparência e determinação, mostrando que a luta vai muito além do tratamento físico: envolve acolher a própria vulnerabilidade, resgatar a leveza da vida e celebrar cada momento com gratidão.

        Outubro Rosa nos convida a olhar para nós mesmas com atenção e cuidado, a valorizar a prevenção, a conscientização e o apoio mútuo. Mais do que uma campanha, é um chamado para reconhecer a força interior que habita em cada mulher, a conexão com a própria essência e a importância de nutrir a esperança mesmo nos momentos mais difíceis.

      Que a história dessas mulheres inspire todas nós a cuidar do corpo e da alma, a celebrar a vida, a cultivar alegria e, acima de tudo, a nunca desistir de lutar. Que possamos honrar a memória de quem partiu e, ao mesmo tempo, reforçar a coragem de quem ainda está em sua jornada. Porque cada gesto de autocuidado, cada exame preventivo e cada demonstração de amor próprio é, na verdade, um ato de resistência e de vida.

Com honra, amor e gratidão.

Fiquem em paz








Seja como os moleques

Episódio 4: Seja como os moleques

 

 

“Versão Brasileira: Coisas Triviais”


Sejam bem-vindas crianças!


        Meus queridos moleques jovens e também os moleques de cabelo branco. Quanto tempo faz que vocês não assistem a um bom desenho animado? Quanto tempo faz que vocês não se sujam de suor, terra e muito cansaço?

 

    Neste artigo passaremos por episódios animados de reflexões e poesias, para acender a nostalgia da nossa infância e, quem sabe te animar a fazer uma molecagem saudável?

 



 

A tela que iluminava a infância

 

 


 

Era sempre no mesmo ritual. A casa se aquietava depois da escola, o uniforme ainda amassado no corpo, o cheiro de merenda misturado com o som distante da rua. A criança se jogava no chão da sala, de barriga para baixo, apoiando o queixo nas mãos. O clique do botão da TV era quase solene. A tela piscava, ganhava cor e, de repente, o mundo real desaparecia.

 

Aquele pequeno retângulo de vidro não era apenas uma televisão, era um portal. Nele, monstros conviviam com crianças comuns, heróis surgiam do nada, e até mesmo um cachorro falante podia resolver mistérios com uma turma de adolescentes. O brilho azul que escapava da tela era quase sagrado: era a luz que dava forma à imaginação.

 

Mas por trás da fantasia, havia uma lição oculta. Naquele tempo, poucos de nós entendiam. Hoje, adultos, conseguimos enxergar: os desenhos nos ensinavam valores com uma sutileza que nenhuma palestra conseguiria.

 

Em Caverna do Dragão, aprendemos que coragem não significa ausência de medo, mas a escolha de seguir mesmo quando o perigo é inevitável. Em Scooby-Doo, a lição era que a cooperação vence enigmas que, sozinhos, não conseguiríamos decifrar. Em Dragon Ball, vimos que a verdadeira força nasce da persistência: Goku podia cair mil vezes, mas sempre voltava, mais determinado do que nunca.

 

Essas histórias simples plantaram sementes silenciosas em nós. Quando adultos, diante de fracassos ou decepções, é quase inevitável não lembrar do personagem que apanhava e se levantava. É como se o herói animado dissesse, ainda hoje, que desistir nunca foi uma opção.

 

O brilho da tela foi muito mais do que distração: foi iniciação. Uma espécie de catequese da imaginação, onde aprendíamos, sem perceber, a interpretar a vida.

  

 

 Amizade em traços coloridos



 

Se há uma palavra que atravessa quase todas as produções que marcaram nossa infância, essa palavra é amizade.

 

        Nos cartoons clássicos, a amizade era um pacto silencioso. Em Os Smurfs, a comunidade só funcionava porque cada um assumia sua função: um cozinhava, outro criava, outro reclamava, e todos, juntos, sustentavam a vida na vila. Em He-Man, o herói tinha aliados que completavam suas fraquezas, lembrando-nos de que ninguém vence batalhas sozinho.

 

 

 

        Nos animes, a amizade ganhava intensidade quase épica. Em Cavaleiros do Zodíaco, os personagens se sacrificavam até a última gota de sangue pelo companheiro caído. Em Naruto, a dor do abandono se transformava em um grito por reconhecimento  e, no fundo, no desejo de encontrar alguém que nunca o deixasse só.

 

        Essas narrativas, recheadas de exageros e cores vibrantes, continham uma verdade essencial: o outro nos salva. Se hoje a vida adulta insiste em nos empurrar para a competição, para o individualismo, talvez devêssemos voltar a esses desenhos para lembrar o óbvio. O valor de uma amizade não está em quantas vitórias se conquistam, mas em quantas vezes se tem alguém para dividir as derrotas.

        E há também algo de revolucionário nesses traços. Ao ensinar que a amizade é central, esses desenhos plantavam uma resistência silenciosa contra um mundo que insiste em nos isolar. Quando revemos essas cenas, não é apenas nostalgia: é um lembrete. O pacto de estar junto continua sendo uma das formas mais puras de humanidade.

 

Coragem, ética e a biblioteca emocional





        Os desenhos animados foram também nossa primeira introdução à ética. Eles nos ensinaram, ainda que de forma caricata, o que era justo e o que era abuso de poder.

 

        Em He-Man, o poder nunca era usado para se impor sobre os mais fracos, mas para proteger. Em Pokémon, a vitória só tinha valor quando havia respeito pelo adversário afinal, era possível vencer e continuar honrando quem estava do outro lado. Em Yu Yu Hakusho, a redenção de personagens que pareciam vilões mostrava que ninguém é totalmente perdido.

 

        A ética que aprendemos ali não era teórica: era vivida, experimentada em cada episódio. Sem perceber, fomos colecionando valores como quem guarda figurinhas.

 

      E junto com esses valores, fomos montando o que poderíamos chamar de biblioteca emocional. Uma música de abertura era suficiente para nos transportar para outra época. Uma frase de efeito podia nos devolver a coragem perdida. Uma imagem colorida reativava a memória da infância como se fosse ontem.

 

        Esses símbolos: músicas, cores, expressões  não ficaram presos no passado. Eles continuam atuando dentro de nós, como se fossem códigos secretos, capazes de nos relembrar o que importa.

 

        E talvez aí esteja a lição mais poderosa de todas: a coragem não é algo distante, reservado a heróis fantásticos. A coragem é cotidiana, é levantar da cama em dias difíceis, é pedir ajuda quando tudo parece pesado, é continuar acreditando no impossível mesmo quando a realidade insiste em dizer não.

 

Os desenhos nos ensinaram isso com espadas mágicas, criaturas improváveis e batalhas surreais. Mas, no fundo, estavam apenas traduzindo para a linguagem da infância aquilo que agora chamamos de resiliência, esperança e fé.

 

 

 O choque da representatividade

 



 

        A primeira vez que uma criança da periferia se viu refletida na tela de televisão foi um choque silencioso, mas profundo. Não era apenas um desenho qualquer: era Super Choque, um jovem negro com poderes elétricos, que falava gírias iguais às da rua, usava boné para trás e corria por bairros que lembravam muito os de quem o assistia. Pela primeira vez, um super-herói não era apenas alguém distante, de armaduras douradas ou castelos encantados ele era alguém que poderia existir ali, na esquina, no beco, na quadra de basquete improvisada.

 

        O impacto de se ver representado é muitas vezes subestimado. Para a criança da periferia, cada episódio era uma confirmação silenciosa: “Eu posso ser herói. Eu posso fazer a diferença. Eu importo.” Não era só entretenimento; era pedagogia da autoestima. A TV deixava de ser apenas um portal para mundos fantásticos e se tornava espelho da realidade, refletindo sonhos, medos e possibilidades.

 

        E nesse choque da representatividade, aprendíamos também sobre resiliência. Super Choque enfrentava vilões, injustiças e desafios da cidade, mas nunca perdia o senso de humor, a determinação ou o vínculo com amigos. A lição era clara: coragem não é ausência de problemas, mas a capacidade de resistir a eles mantendo a própria essência.

 

        Para muitas crianças, ver um personagem negro e periférico vencer não era apenas simbólico  era inspirador. Era a confirmação de que a criatividade, a ética e a coragem não pertencem a um bairro nobre ou a um universo distante. Estavam, e sempre estiveram, na vivacidade das ruas, na inteligência das molecagens e na imaginação fértil dos que cresciam sem privilégios, mas com muita força interior.

 

 A molecagem que resiste

 



 

        Se o episódio anterior nos mostrou o poder da identificação, este nos leva de volta às ruas, aos quintais e becos, onde a molecagem acontecia  não como simples travessura, mas como expressão criativa e resistência.

 

        Molecagem é o riso que desafia regras, a inventividade que transforma latas em bolas, pedaços de pano em capas de super-heróis, restos de papel em pipas. É a pedagogia da rua, onde cada queda ensina, cada tropeço fortalece, cada riso coletivo reforça a solidariedade.

 

        No contexto da periferia, a molecagem tem uma função ainda maior. Ela resiste à adultização precoce imposta por dificuldades, responsabilidades e preconceitos. Crianças que deveriam carregar o peso do mundo aprendem, brincando, que ainda podem ser livres. Pulam muros, correm pela rua, inventam histórias que misturam realidade e fantasia, e, sem perceber, desenvolvem habilidades de resolução de problemas, cooperação e imaginação — exatamente o que os grandes livros de pedagogia chamariam de “aprendizado significativo”.

 

        É nesse espaço de liberdade que a infância sobrevive. Cada jogo de bola improvisado, cada batalha de pipas ou corrida em meio aos carros estacionados carrega consigo lições de resistência. O lúdico é uma forma de proteção, um escudo invisível contra a perda da inocência.

 

        A molecagem, portanto, não é bagunça. É energia vital. É política silenciosa: a criança afirmando seu direito de existir plenamente, de ser criança, mesmo quando o mundo tenta transformá-la prematuramente em adulta. É nessa vivência que se encontram as sementes de criatividade, empatia e coragem elementos essenciais para qualquer herói, seja ele da periferia, da TV ou da vida real.

 

  Moleques do mundo todo

 



 

        Se a periferia brasileira nos ensinou sobre resistência e criatividade, o universo literário e musical nos mostra que a infância é um fenômeno global, pulsando de formas diferentes, mas com os mesmos ecos de alegria e descoberta.

 

        Lembramos de Caçadores de Pipas, onde moleques afegãos correm pelas ruas com suas pipas, entrelaçados em histórias de amizade, traição e redenção. Ali, como nos becos e praças do Brasil, as pipas são mais que brinquedos: são símbolos de liberdade, esperança e imaginação. O ato de correr atrás de algo que voa alto, de lutar por um pedaço de céu, traduz o espírito da infância que, apesar das adversidades, insiste em existir.

 

        No Brasil, em bairros periféricos ou pequenas vilas, os moleques improvisam jogos, inventam histórias e criam mundos com o que têm. O mesmo acontece em Cabul, em vilarejos africanos, em bairros pobres de cidades do mundo todo. A infância não conhece fronteiras: é universal, resistente e criativa.

 

        E é justamente essa universalidade que ressoa na música “Moleque de Vila”. O ritmo, as palavras e a energia da canção sintetizam a vivacidade de crianças que vivem nos subúrbios, nos becos, nas ruas, em casas simples, mas que carregam sonhos gigantes. Ela celebra a audácia, a coragem e a alegria, transformando o cotidiano difícil em poesia e resistência.

 

        Quando ouvimos a música ou revisitamos histórias como as de Caçadores de Pipas, percebemos que os moleques do mundo todo têm algo em comum: eles correm, inventam, erram, riem, aprendem, persistem. São professores silenciosos da vida, lembrando adultos de que a essência da infância não está apenas na inocência, mas na capacidade de resistir, de imaginar e de criar.

 

E assim, entre pipas que cortam o céu, risadas que ecoam pelas ruas e super-heróis que brilham na tela, a infância se mantém viva. Ela nos lembra que cada criança seja em Vila Madalena, em Cabul, em Cabul ou em qualquer outro lugar  merece existir plenamente, brincar, aprender, errar, sonhar. E que, enquanto houver molecagens, pipas e canções, a criança interior de todos nós nunca estará perdida.

 

Reflexões sobre o brincar das gerações atuais

 




 

 

        A infância sempre foi uma paisagem em movimento. No passado, era marcada por tardes longas, por brincadeiras nas ruas, por pipas que riscavam o céu e por desenhos animados que iluminavam salas de estar silenciosas. Hoje, a paisagem mudou, mas os elementos fundamentais  curiosidade, imaginação, descoberta e alegria  continuam pulsando, embora disfarçados entre telas de smartphones, tarefas escolares e um mundo que insiste em encurtar a inocência.

 

        As crianças de hoje vivem em territórios complexos. Elas crescem cercadas por informações, estímulos e expectativas que, muitas vezes, ultrapassam suas capacidades naturais de compreensão. A adultização precoce é um desafio invisível, mas real: responsabilidades cedo demais, pressões sociais, comparações constantes nas redes, mensagens de que precisam produzir, competir, performar. É como se a infância estivesse sendo comprimida, como uma mola que se estica além do limite, e parte de sua leveza se perde no caminho.

 

        Mas, ao mesmo tempo, essas crianças também são incrivelmente resilientes. Elas inventam maneiras próprias de se conectar com o mundo, de criar espaço para a brincadeira, de construir sentido dentro de regras que nem sempre fazem sentido. Quando uma criança ri, corre, improvisa uma história ou desenha seu próprio universo, estamos testemunhando atos de resistência  resistência à perda da essência infantil, resistência à pressão de se tornar adulto antes da hora.

 

        A molecagem, tão valorizada nos episódios anteriores, continua sendo um conceito poderoso. Hoje, talvez não pulemos muros ou joguemos bola nas ruas da mesma forma, mas a molecagem se manifesta nas invenções digitais, nas criações de vídeos caseiros, nos jogos coletivos online, nas experiências que misturam brincadeira, aprendizado e criatividade. A essência permanece: a infância é feita de tentativas, erros, descobertas e risadas, mesmo quando a tecnologia e a urbanização transformam o cenário físico das brincadeiras.

 



 

        A diversidade da infância atual também merece atenção. Hoje, crianças negras, indígenas, periféricas e de múltiplos contextos culturais encontram desafios adicionais. Representatividade, ou a falta dela, tem impacto direto em autoestima, senso de pertencimento e imaginação. Por isso, heróis como Super Choque ou personagens que refletem realidades periféricas continuam sendo fundamentais. Eles mostram que a criança pode sonhar, lutar e existir plenamente dentro do mundo que tem, e que sua cor, origem ou condição social não definem limites para sua criatividade ou coragem.

 

        Além disso, os desenhos, animes e narrativas digitais continuam exercendo a função de educadores silenciosos. Eles ensinam valores, ética e empatia de maneiras que muitas vezes escapam ao ensino formal. Crianças absorvem ideias de justiça, amizade, coragem e solidariedade através de histórias, cores, músicas e personagens que se tornam memoráveis para toda a vida. A tela digital, seja ela TV, tablet ou celular, é agora um portal que conecta a infância a mundos possíveis, ao mesmo tempo que exige cuidado dos adultos para não se tornar substituto da realidade.

 

Outro ponto crucial é a periferia e a forma como ela molda a infância. Apesar das dificuldades, a periferia é um espaço de criatividade e sociabilidade únicos. As crianças aprendem a inventar, improvisar e criar jogos com poucos recursos. Cada brincadeira de rua é uma lição de coletividade; cada pipa que voa no céu é uma lição de esperança; cada risada compartilhada é uma afirmação de humanidade. Esses territórios continuam sendo laboratórios da infância, onde se aprende a lidar com frustrações, a encontrar soluções e a celebrar pequenas vitórias.

 

        As crianças de hoje também enfrentam o paradoxo da hiperconectividade. Elas têm acesso a informações e experiências antes inimagináveis, mas ao mesmo tempo, correm o risco de perder o contato com a experiência sensorial direta, com o corpo, com a rua, com o toque e o olhar. Por isso, é essencial incentivar momentos de desconexão, de molecagem analógica, de brincadeiras que envolvam movimento, improviso e imaginação. É nesses intervalos que a criança recupera seu ritmo natural, sua curiosidade genuína e sua capacidade de se maravilhar com o mundo.

 

        A educação contemporânea, portanto, precisa reconhecer essa complexidade. Crianças não são apenas sujeitos de aprendizagem formal; são criadores de mundo, exploradores de realidades e mestres de resistência. A pedagogia moderna precisa equilibrar conhecimento, criatividade e espaço para a infância plena. É um desafio que exige sensibilidade, escuta, respeito aos ritmos individuais e valorização das experiências lúdicas.

 

Em um mundo onde a violência, a desigualdade e a pressa invadem o cotidiano infantil, resgatar a alegria, a liberdade e a imaginação é um ato de cuidado profundo. Cada desenho que emociona, cada história que inspira, cada risada coletiva, cada pipa solta no céu representa uma forma de cuidado social e emocional, não apenas individual.

 

        E, finalmente, é essencial lembrar que a infância não é universalmente uniforme. Crianças do mundo todo, como os moleques de Caçadores de Pipas, correm, brincam, inventam e aprendem em contextos diferentes, mas todas compartilham a mesma urgência de existir plenamente. Assim como em “Moleque de Vila”, cada criança carrega consigo o poder de transformar o ordinário em extraordinário, de ressignificar desafios, de resistir e criar mundos possíveis.

 

 



 

        Portanto, ao olhar para as crianças da atualidade, é preciso enxergar mais do que o presente imediato. É necessário perceber potencial, resistência e criatividade, reconhecer que cada gesto lúdico, cada brincadeira improvisada, cada momento de molecagem é uma afirmação de vida e humanidade. E mais do que nunca, é nossa responsabilidade como sociedade preservar esses espaços de infância, garantindo que, em meio à pressa do mundo adulto, a criança possa rir, correr, errar, sonhar e ser plenamente ela mesma.

 

        A infância é urgente. É resistência. É futuro. E, enquanto houver pipas no céu, telas que iluminam o olhar, ruas para brincar e canções que celebram a alegria de existir, nenhuma criança estará perdida e nenhum adulto deixará de se lembrar de que, dentro dele, também há um moleque pronto para correr, inventar e sonhar.

 

Lembre-se! Dá para ser adulto, dá para ter responsabilidade. Dá para brincar às vezes. Acredite, isso compensa!

 

A vida é linda!

Queridos leitores,

 

Eu desejo muito que divirtam-se!


Até a próxima!


 



segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Adultos Infantilizados: Quando a Criança Interior Não Cresce

 Episódio 3:"Adultos Infantilizados: Quando a Criança Interior Não Cresce"




A infância é uma fase de descobertas.
O brincar, o imaginar, o experimentar fazem parte desse território de liberdade.

Mas,

 toda criança cresce.
E, crescer exige algo duro: assumir responsabilidades.

O problema é que muitos recusam esse processo.
Não por incapacidade, mas por escolha.
São homens e mulheres que se escondem atrás da desculpa da “criança interior”, mas que, no fundo, fogem de se tornar adultos.
Não cultivam a leveza da infância e, sim, perpetuam a fuga.



Adultos Infantilizados: Entre a Psicologia, a Psicanálise e a Educação



        Falar de adultos infantilizados é inevitavelmente entrar em um terreno delicado, onde se cruzam diferentes perspectivas da compreensão humana. De um lado, a psicologia contemporânea busca entender os fatores emocionais, sociais e culturais que levam à recusa em amadurecer; de outro, a psicanálise examina as forças inconscientes que perpetuam fixações e impedem a elaboração de perdas necessárias; por fim, a educação, especialmente no campo da educação positiva, oferece caminhos para evitar que esse padrão se reproduza em novas gerações e, ao mesmo tempo, fornece ferramentas para ajudar os adultos já formados a repensarem sua própria relação com a maturidade.

        A infantilização de adultos não pode ser entendida apenas como preguiça ou irresponsabilidade, como muitas vezes aparece no senso comum. Ela é, antes de tudo, um fenômeno complexo, que nasce da interseção entre fatores individuais e coletivos, entre desejos íntimos e pressões sociais, entre falhas de estruturação subjetiva e um contexto cultural que reforça a fuga da responsabilidade. Quando olhamos por esse prisma, percebemos que o fenômeno não se limita ao indivíduo isolado, mas representa uma tendência mais ampla de nossa época, marcada pelo consumo imediato, pela dependência emocional mascarada de afeto e por uma educação que, em muitos casos, falhou em oferecer os instrumentos para a construção da autonomia e da resiliência.

        Do ponto de vista psicológico, o adulto infantilizado apresenta dificuldades claras em lidar com a frustração. A frustração, no entanto, não é algo negativo em si, mas um dos motores do crescimento humano. É pela experiência da falta que aprendemos a adiar gratificações, a buscar soluções mais criativas e a entender que nem tudo se resolve de imediato. Quando esse processo é interrompido ou mal elaborado, o sujeito passa a desejar que a vida lhe ofereça, para sempre, a mesma proteção e o mesmo imediatismo da infância. Isso se expressa em comportamentos como o consumo exagerado, a dependência emocional e a recusa em assumir compromissos duradouros. Em última instância, a dificuldade em tolerar a frustração transforma a vida em um ciclo de tentativas de prazer imediato seguidas de um vazio que nunca se preenche.

        A psicanálise aprofunda essa análise ao revelar que o adulto infantilizado não apenas evita responsabilidades, mas permanece preso a fixações infantis, muitas vezes ligadas a falhas na elaboração do complexo de Édipo, na resolução das fases do desenvolvimento psicossexual ou na construção de uma identidade sólida. Freud já observava que a passagem da infância à vida adulta exige um trabalho psíquico de luto: o luto da onipotência infantil, o luto da presença constante dos pais como garantidores da felicidade, o luto da crença de que o mundo existe para satisfazer nossos desejos. Quando esse luto não é elaborado, o sujeito pode permanecer aprisionado em uma posição regressiva, incapaz de aceitar a castração simbólica e de se reconciliar com os limites da realidade. Nesse sentido, a infantilização é uma defesa contra a dor da perda, mas é uma defesa que cobra um preço alto: a estagnação.

        Outro ponto fundamental na visão psicanalítica é a questão do gozo. O infantilizado busca incessantemente pequenas doses de prazer imediato, mas nunca encontra satisfação duradoura. É como se repetisse um ciclo de demandas infantis que não podem ser plenamente atendidas. Lacan descreveu esse processo como uma eterna busca pelo objeto a, aquilo que se deseja, mas nunca se alcança. O sujeito infantilizado, incapaz de simbolizar suas faltas e transformá-las em projetos adultos, permanece preso nesse circuito de desejo insaciável, que se traduz em compulsões de consumo, em relacionamentos marcados por dependência ou em uma constante sensação de vazio.

        Do ponto de vista educacional, a questão também se mostra urgente. A educação tradicional muitas vezes reforçou padrões autoritários, que não ensinavam a criança a lidar com a frustração de forma saudável, mas apenas a obedecer por medo. Já modelos excessivamente permissivos, por outro lado, contribuíram para criar adultos incapazes de estabelecer limites internos, pois nunca tiveram limites externos consistentes. É nesse ponto que a educação positiva surge como alternativa poderosa. Diferente do autoritarismo, que reprime, e da permissividade, que abandona, a educação positiva propõe um caminho equilibrado: firmeza com empatia, disciplina com acolhimento, autonomia com responsabilidade.

        Quando aplicada de maneira consistente, a educação positiva permite que a criança desenvolva autoconfiança, aprenda a lidar com erros, compreenda as consequências de seus atos e, ao mesmo tempo, preserve a capacidade de brincar, de imaginar e de se expressar livremente. O que se planta na infância com esse modelo floresce na vida adulta como resiliência, capacidade de planejar, abertura para relacionamentos saudáveis e disposição para enfrentar desafios. Em outras palavras, a educação positiva não apenas previne a infantilização, mas forma sujeitos mais capazes de integrar a criança interior ao adulto necessário.

        No entanto, quando essa educação não é oferecida, o que se observa são adultos que oscilam entre dois extremos: ou se tornam rígidos e incapazes de desfrutar do lúdico, porque aprenderam apenas a obedecer, ou se tornam dependentes e frágeis, porque nunca aprenderam a assumir responsabilidades. Nos dois casos, há uma dificuldade em encontrar o equilíbrio entre a leveza da criança e a maturidade do adulto.

        É importante destacar que a infantilização, apesar de parecer um problema individual, também se alimenta de um contexto social que a incentiva. Vivemos em uma cultura que celebra a juventude eterna, que transforma a adolescência em modelo de vida e que oferece meios infinitos de evitar o confronto com a realidade: redes sociais que anestesiam, aplicativos que resolvem tudo com um clique, produtos que prometem satisfação instantânea. O adulto infantilizado é, em parte, vítima desse cenário, mas também cúmplice dele, porque aceita se prender a esse circuito de imediatismo.

        Para a psicologia educacional, o desafio é ajudar o sujeito a reconstruir sua autonomia mesmo depois de adulto. Isso exige um processo de reeducação emocional, que passa pelo reconhecimento da importância do erro, pela aceitação da frustração e pela compreensão de que responsabilidade não é castigo, mas oportunidade de construção. Estratégias de educação positiva podem ser aplicadas também em ambientes terapêuticos e de desenvolvimento pessoal, estimulando adultos a exercitar habilidades de autorregulação, comunicação assertiva e tomada de decisões conscientes.

        Um ponto delicado é que muitas vezes o adulto infantilizado só procura ajuda quando já enfrenta consequências sérias: dívidas, separações, fracassos profissionais, crises existenciais. Até esse momento, a infantilização parece confortável, quase uma proteção contra o peso da realidade. Mas quando a realidade se impõe, ela cobra de forma implacável. Nesse sentido, o trabalho terapêutico, seja ele psicológico ou psicanalítico, precisa desmontar a ilusão da proteção infantil e ajudar o sujeito a reconhecer que amadurecer, por mais doloroso que seja, é o único caminho para uma vida plena.

        A educação positiva, ao enfatizar a importância de escolhas conscientes, de consequências consistentes e de relacionamentos baseados em respeito mútuo, pode servir como um roteiro não apenas para pais e educadores, mas para qualquer adulto que deseje se libertar do ciclo de infantilização. Aprender a escutar a própria criança interior sem se tornar refém dela é um exercício diário, que demanda esforço, disciplina e, sobretudo, coragem.

        Em última instância, o debate sobre adultos infantilizados nos obriga a olhar para além do indivíduo e pensar na sociedade que estamos construindo. Uma sociedade de adultos que fogem das responsabilidades é uma sociedade vulnerável, frágil, incapaz de enfrentar crises coletivas. Se cada sujeito permanece em sua bolha de prazer imediato, quem sustenta os compromissos maiores? Quem constrói o futuro comum? Nesse sentido, amadurecer não é apenas uma questão pessoal, mas um ato de responsabilidade social.

        Assim, integrar as perspectivas da psicologia, da psicanálise e da educação é fundamental. A psicologia nos lembra da importância da tolerância à frustração e da autorregulação. A psicanálise nos mostra como a recusa em elaborar perdas nos aprisiona em posições infantis. A educação, sobretudo por meio da educação positiva, nos oferece ferramentas para ensinar e reaprender a responsabilidade sem sufocar a criatividade. Juntas, essas abordagens apontam para a mesma direção: amadurecer não significa matar a criança interior, mas aprender a conviver com ela sem abrir mão do adulto que precisamos ser.

        O desafio contemporâneo é enorme. É mais fácil se deixar seduzir pela promessa do eterno presente, pela ilusão de que é possível viver sem compromissos, sem dor, sem luto. Mas o preço dessa escolha é alto demais. O adulto infantilizado pode até rir mais, mas não constrói. Pode até se divertir mais, mas não amadurece. Pode até escapar por algum tempo, mas inevitavelmente será alcançado pela realidade.

        A educação positiva, aplicada tanto na infância quanto na vida adulta, nos convida a um caminho mais difícil, mas mais fecundo: o de unir a alegria da criança à coragem do adulto, o de manter o riso sem abandonar a responsabilidade, o de reconhecer que amadurecer não é perder, mas ganhar a chance de viver plenamente.

        No fim das contas, a pergunta que cada um precisa fazer é simples, mas perturbadora: estou preservando minha criança interior ou estou apenas me recusando a crescer? A resposta a essa pergunta define não apenas a vida de um indivíduo, mas o rumo de toda uma sociedade.

Carta do coordenador do projeto:

"Caro leitor,
O equilíbrio é fundamental em nossas vidas. Aprendemos a desbravar quando crianças para, futuramente, aprendermos a lidar com os problemas da vida adulta com assertividade. Certas decisões na vida são práticas e racionais. Mas, não confunda racionalidade com frieza. É possível equilibrar a racionalidade com ética e respeito. Não podemos ser guiados totalmente pelas emoções, senão poderemos cair em lugares de carência e poderemos até confundir empartia com submissão.
Outro ponto importante da vida adulta é a aceitação, que é diferente de conformismo. Vamos aprender a aceitar a vida como ela é e as pessoas como elas são. É normal recebermos "nãos" em nossas vidas e, isso não necessariamente nos impede de buscarmos os nossos "sims".
Equilíbrio é tudo. Eu penso que o caminho do meio ainda é o mais assertivo.
Sobretudo, enxergo que um adulto de valor busca integrar a coerência e integridade em suas atitudes. Ainda acrescento a fé. Valorize sua identidade, sinalize suas limitações e responsabilize-se pela sua felicidade. É possível brincar com responsalidade, desbravar com prudência e se posicionar sem humilhar. É processo doloroso mas necessário, crescer dói, amadurecer é difícil, no entanto, é necessário e libertador.
Divirta-se no processo,
Com amor,
Betinho
(Weberton Moreira)"

A síntese

Não é errado brincar.
Não é errado rir.
Não é errado gostar de coisas “infantis”.

Errado é confundir isso com amadurecimento.
Errado é usar a criança interior como desculpa para nunca enfrentar a vida.

No fim, a verdade é direta, incômoda e inegociável:

Quem se recusa a crescer não preserva a criança interior. Abandona o adulto que nunca aprendeu a ser.


Referências (ABNT)

FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização. 2. ed. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Rio de Janeiro: Imago, 2006.

LACAN, Jacques. O seminário, livro 11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.

LACAN, Jacques. Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

PETTIT, Philip. Educação positiva: como pais e professores podem ajudar crianças a prosperar. Porto Alegre: Penso, 2015.

NELSON, Karen; LUCEY, David. Positive Education: The Geelong Grammar School Journey. Oxford: Oxford University Press, 2011.

SELIGMAN, Martin. Florescer: uma nova compreensão sobre a natureza da felicidade e do bem-estar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.