segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Adultos Infantilizados: Quando a Criança Interior Não Cresce

 Episódio 3:"Adultos Infantilizados: Quando a Criança Interior Não Cresce"




A infância é uma fase de descobertas.
O brincar, o imaginar, o experimentar fazem parte desse território de liberdade.

Mas,

 toda criança cresce.
E, crescer exige algo duro: assumir responsabilidades.

O problema é que muitos recusam esse processo.
Não por incapacidade, mas por escolha.
São homens e mulheres que se escondem atrás da desculpa da “criança interior”, mas que, no fundo, fogem de se tornar adultos.
Não cultivam a leveza da infância e, sim, perpetuam a fuga.



Adultos Infantilizados: Entre a Psicologia, a Psicanálise e a Educação



        Falar de adultos infantilizados é inevitavelmente entrar em um terreno delicado, onde se cruzam diferentes perspectivas da compreensão humana. De um lado, a psicologia contemporânea busca entender os fatores emocionais, sociais e culturais que levam à recusa em amadurecer; de outro, a psicanálise examina as forças inconscientes que perpetuam fixações e impedem a elaboração de perdas necessárias; por fim, a educação, especialmente no campo da educação positiva, oferece caminhos para evitar que esse padrão se reproduza em novas gerações e, ao mesmo tempo, fornece ferramentas para ajudar os adultos já formados a repensarem sua própria relação com a maturidade.

        A infantilização de adultos não pode ser entendida apenas como preguiça ou irresponsabilidade, como muitas vezes aparece no senso comum. Ela é, antes de tudo, um fenômeno complexo, que nasce da interseção entre fatores individuais e coletivos, entre desejos íntimos e pressões sociais, entre falhas de estruturação subjetiva e um contexto cultural que reforça a fuga da responsabilidade. Quando olhamos por esse prisma, percebemos que o fenômeno não se limita ao indivíduo isolado, mas representa uma tendência mais ampla de nossa época, marcada pelo consumo imediato, pela dependência emocional mascarada de afeto e por uma educação que, em muitos casos, falhou em oferecer os instrumentos para a construção da autonomia e da resiliência.

        Do ponto de vista psicológico, o adulto infantilizado apresenta dificuldades claras em lidar com a frustração. A frustração, no entanto, não é algo negativo em si, mas um dos motores do crescimento humano. É pela experiência da falta que aprendemos a adiar gratificações, a buscar soluções mais criativas e a entender que nem tudo se resolve de imediato. Quando esse processo é interrompido ou mal elaborado, o sujeito passa a desejar que a vida lhe ofereça, para sempre, a mesma proteção e o mesmo imediatismo da infância. Isso se expressa em comportamentos como o consumo exagerado, a dependência emocional e a recusa em assumir compromissos duradouros. Em última instância, a dificuldade em tolerar a frustração transforma a vida em um ciclo de tentativas de prazer imediato seguidas de um vazio que nunca se preenche.

        A psicanálise aprofunda essa análise ao revelar que o adulto infantilizado não apenas evita responsabilidades, mas permanece preso a fixações infantis, muitas vezes ligadas a falhas na elaboração do complexo de Édipo, na resolução das fases do desenvolvimento psicossexual ou na construção de uma identidade sólida. Freud já observava que a passagem da infância à vida adulta exige um trabalho psíquico de luto: o luto da onipotência infantil, o luto da presença constante dos pais como garantidores da felicidade, o luto da crença de que o mundo existe para satisfazer nossos desejos. Quando esse luto não é elaborado, o sujeito pode permanecer aprisionado em uma posição regressiva, incapaz de aceitar a castração simbólica e de se reconciliar com os limites da realidade. Nesse sentido, a infantilização é uma defesa contra a dor da perda, mas é uma defesa que cobra um preço alto: a estagnação.

        Outro ponto fundamental na visão psicanalítica é a questão do gozo. O infantilizado busca incessantemente pequenas doses de prazer imediato, mas nunca encontra satisfação duradoura. É como se repetisse um ciclo de demandas infantis que não podem ser plenamente atendidas. Lacan descreveu esse processo como uma eterna busca pelo objeto a, aquilo que se deseja, mas nunca se alcança. O sujeito infantilizado, incapaz de simbolizar suas faltas e transformá-las em projetos adultos, permanece preso nesse circuito de desejo insaciável, que se traduz em compulsões de consumo, em relacionamentos marcados por dependência ou em uma constante sensação de vazio.

        Do ponto de vista educacional, a questão também se mostra urgente. A educação tradicional muitas vezes reforçou padrões autoritários, que não ensinavam a criança a lidar com a frustração de forma saudável, mas apenas a obedecer por medo. Já modelos excessivamente permissivos, por outro lado, contribuíram para criar adultos incapazes de estabelecer limites internos, pois nunca tiveram limites externos consistentes. É nesse ponto que a educação positiva surge como alternativa poderosa. Diferente do autoritarismo, que reprime, e da permissividade, que abandona, a educação positiva propõe um caminho equilibrado: firmeza com empatia, disciplina com acolhimento, autonomia com responsabilidade.

        Quando aplicada de maneira consistente, a educação positiva permite que a criança desenvolva autoconfiança, aprenda a lidar com erros, compreenda as consequências de seus atos e, ao mesmo tempo, preserve a capacidade de brincar, de imaginar e de se expressar livremente. O que se planta na infância com esse modelo floresce na vida adulta como resiliência, capacidade de planejar, abertura para relacionamentos saudáveis e disposição para enfrentar desafios. Em outras palavras, a educação positiva não apenas previne a infantilização, mas forma sujeitos mais capazes de integrar a criança interior ao adulto necessário.

        No entanto, quando essa educação não é oferecida, o que se observa são adultos que oscilam entre dois extremos: ou se tornam rígidos e incapazes de desfrutar do lúdico, porque aprenderam apenas a obedecer, ou se tornam dependentes e frágeis, porque nunca aprenderam a assumir responsabilidades. Nos dois casos, há uma dificuldade em encontrar o equilíbrio entre a leveza da criança e a maturidade do adulto.

        É importante destacar que a infantilização, apesar de parecer um problema individual, também se alimenta de um contexto social que a incentiva. Vivemos em uma cultura que celebra a juventude eterna, que transforma a adolescência em modelo de vida e que oferece meios infinitos de evitar o confronto com a realidade: redes sociais que anestesiam, aplicativos que resolvem tudo com um clique, produtos que prometem satisfação instantânea. O adulto infantilizado é, em parte, vítima desse cenário, mas também cúmplice dele, porque aceita se prender a esse circuito de imediatismo.

        Para a psicologia educacional, o desafio é ajudar o sujeito a reconstruir sua autonomia mesmo depois de adulto. Isso exige um processo de reeducação emocional, que passa pelo reconhecimento da importância do erro, pela aceitação da frustração e pela compreensão de que responsabilidade não é castigo, mas oportunidade de construção. Estratégias de educação positiva podem ser aplicadas também em ambientes terapêuticos e de desenvolvimento pessoal, estimulando adultos a exercitar habilidades de autorregulação, comunicação assertiva e tomada de decisões conscientes.

        Um ponto delicado é que muitas vezes o adulto infantilizado só procura ajuda quando já enfrenta consequências sérias: dívidas, separações, fracassos profissionais, crises existenciais. Até esse momento, a infantilização parece confortável, quase uma proteção contra o peso da realidade. Mas quando a realidade se impõe, ela cobra de forma implacável. Nesse sentido, o trabalho terapêutico, seja ele psicológico ou psicanalítico, precisa desmontar a ilusão da proteção infantil e ajudar o sujeito a reconhecer que amadurecer, por mais doloroso que seja, é o único caminho para uma vida plena.

        A educação positiva, ao enfatizar a importância de escolhas conscientes, de consequências consistentes e de relacionamentos baseados em respeito mútuo, pode servir como um roteiro não apenas para pais e educadores, mas para qualquer adulto que deseje se libertar do ciclo de infantilização. Aprender a escutar a própria criança interior sem se tornar refém dela é um exercício diário, que demanda esforço, disciplina e, sobretudo, coragem.

        Em última instância, o debate sobre adultos infantilizados nos obriga a olhar para além do indivíduo e pensar na sociedade que estamos construindo. Uma sociedade de adultos que fogem das responsabilidades é uma sociedade vulnerável, frágil, incapaz de enfrentar crises coletivas. Se cada sujeito permanece em sua bolha de prazer imediato, quem sustenta os compromissos maiores? Quem constrói o futuro comum? Nesse sentido, amadurecer não é apenas uma questão pessoal, mas um ato de responsabilidade social.

        Assim, integrar as perspectivas da psicologia, da psicanálise e da educação é fundamental. A psicologia nos lembra da importância da tolerância à frustração e da autorregulação. A psicanálise nos mostra como a recusa em elaborar perdas nos aprisiona em posições infantis. A educação, sobretudo por meio da educação positiva, nos oferece ferramentas para ensinar e reaprender a responsabilidade sem sufocar a criatividade. Juntas, essas abordagens apontam para a mesma direção: amadurecer não significa matar a criança interior, mas aprender a conviver com ela sem abrir mão do adulto que precisamos ser.

        O desafio contemporâneo é enorme. É mais fácil se deixar seduzir pela promessa do eterno presente, pela ilusão de que é possível viver sem compromissos, sem dor, sem luto. Mas o preço dessa escolha é alto demais. O adulto infantilizado pode até rir mais, mas não constrói. Pode até se divertir mais, mas não amadurece. Pode até escapar por algum tempo, mas inevitavelmente será alcançado pela realidade.

        A educação positiva, aplicada tanto na infância quanto na vida adulta, nos convida a um caminho mais difícil, mas mais fecundo: o de unir a alegria da criança à coragem do adulto, o de manter o riso sem abandonar a responsabilidade, o de reconhecer que amadurecer não é perder, mas ganhar a chance de viver plenamente.

        No fim das contas, a pergunta que cada um precisa fazer é simples, mas perturbadora: estou preservando minha criança interior ou estou apenas me recusando a crescer? A resposta a essa pergunta define não apenas a vida de um indivíduo, mas o rumo de toda uma sociedade.

Carta do coordenador do projeto:

"Caro leitor,
O equilíbrio é fundamental em nossas vidas. Aprendemos a desbravar quando crianças para, futuramente, aprendermos a lidar com os problemas da vida adulta com assertividade. Certas decisões na vida são práticas e racionais. Mas, não confunda racionalidade com frieza. É possível equilibrar a racionalidade com ética e respeito. Não podemos ser guiados totalmente pelas emoções, senão poderemos cair em lugares de carência e poderemos até confundir empartia com submissão.
Outro ponto importante da vida adulta é a aceitação, que é diferente de conformismo. Vamos aprender a aceitar a vida como ela é e as pessoas como elas são. É normal recebermos "nãos" em nossas vidas e, isso não necessariamente nos impede de buscarmos os nossos "sims".
Equilíbrio é tudo. Eu penso que o caminho do meio ainda é o mais assertivo.
Sobretudo, enxergo que um adulto de valor busca integrar a coerência e integridade em suas atitudes. Ainda acrescento a fé. Valorize sua identidade, sinalize suas limitações e responsabilize-se pela sua felicidade. É possível brincar com responsalidade, desbravar com prudência e se posicionar sem humilhar. É processo doloroso mas necessário, crescer dói, amadurecer é difícil, no entanto, é necessário e libertador.
Divirta-se no processo,
Com amor,
Betinho
(Weberton Moreira)"

A síntese

Não é errado brincar.
Não é errado rir.
Não é errado gostar de coisas “infantis”.

Errado é confundir isso com amadurecimento.
Errado é usar a criança interior como desculpa para nunca enfrentar a vida.

No fim, a verdade é direta, incômoda e inegociável:

Quem se recusa a crescer não preserva a criança interior. Abandona o adulto que nunca aprendeu a ser.


Referências (ABNT)

FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização. 2. ed. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Rio de Janeiro: Imago, 2006.

LACAN, Jacques. O seminário, livro 11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.

LACAN, Jacques. Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

PETTIT, Philip. Educação positiva: como pais e professores podem ajudar crianças a prosperar. Porto Alegre: Penso, 2015.

NELSON, Karen; LUCEY, David. Positive Education: The Geelong Grammar School Journey. Oxford: Oxford University Press, 2011.

SELIGMAN, Martin. Florescer: uma nova compreensão sobre a natureza da felicidade e do bem-estar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.


sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Adultização Precoce: Proteja as criancinhas

      Episódio 2 "Adultização Precoce: Proteja as criancinhas"


  A infância é um período singular e essencial do desenvolvimento humano. É nessa fase que se constroem as bases cognitivas, emocionais e sociais que acompanharão o indivíduo ao longo da vida. Brincar, explorar, socializar e aprender gradualmente sobre responsabilidades compatíveis com a idade são atividades centrais que permitem que crianças cresçam emocionalmente equilibradas e com autonomia. No entanto, muitas crianças e adolescentes são expostos a papéis, responsabilidades e experiências que excedem suas capacidades cognitivas e emocionais. Esse fenômeno, chamado adultização precoce, tem se tornado cada vez mais visível, principalmente diante da expansão do ambiente digital, das pressões sociais e das dinâmicas familiares contemporâneas.

 

O que é Adultização Precoce?

 

        Adultização precoce ocorre quando crianças e adolescentes assumem responsabilidades, comportamentos ou são expostos a conteúdos típicos da vida adulta antes do tempo adequado. Isso engloba uma série de situações, que podem variar desde a exposição sexualizada até a exigência de decisões profissionais ou familiares que não são compatíveis com a idade do indivíduo. Trata-se de um fenômeno que não se limita apenas ao ambiente doméstico, mas se manifesta de forma ainda mais intensa nas redes sociais e na mídia, onde padrões de comportamento, estética e sucesso adulto são constantemente veiculados.

 

        A influência das redes sociais é um fator crucial. Plataformas digitais promovem imagens de corpos e comportamentos adultos, normalizando padrões que pressionam crianças e adolescentes a se desenvolverem precocemente. Além disso, essas plataformas amplificam a necessidade de validação por curtidas, comentários e visualizações, criando uma ansiedade constante sobre aceitação social e pertencimento. Estudos recentes mostram que essa exposição precoce pode interferir na formação da identidade, na autoestima e na capacidade de estabelecer relações sociais saudáveis ([pos.idp.edu.br]

(https://pos.idp.edu.br/idp-learning/blog/direito-digital/adultizacao-criancas-adolescentes-eca/).

 

 Causas da Adultização Precoce

 

        As causas da adultização precoce são multifatoriais e envolvem dimensões familiares, sociais, econômicas e culturais. Entre os principais fatores, destacam-se:

 

 Influência das Redes Sociais e Conteúdos Digitais

 

        A era digital transformou a infância. Plataformas como Instagram, TikTok e YouTube expõem crianças a padrões de comportamento, beleza e sexualidade que não correspondem à sua idade. A pressão por desempenho, visual e engajamento nas redes cria um ambiente em que a criança aprende a se comportar como adulta muito antes de estar emocionalmente preparada para isso.

 

        Pesquisas apontam que a constante exposição a conteúdos adultos aumenta significativamente os níveis de ansiedade, insegurança e baixa autoestima, interferindo na construção de uma autoimagem saudável. Crianças passam a internalizar expectativas irreais sobre si mesmas, comparando-se com influenciadores digitais ou celebridades, o que pode gerar frustração, desmotivação e distúrbios de comportamento (https://hospitalsantamonica.com.br/adultizacao-precoce-nas-redes-um-risco-emergente-a-saude-mental-de-criancas-e-adolescentes/).

 

 Pressões Familiares e Sociais

 

        Além do ambiente digital, a família e a sociedade desempenham papéis centrais na adultização precoce. Crianças podem ser cobradas a assumir responsabilidades que não correspondem à sua maturidade emocional, seja na escola, em casa ou em contextos comunitários. Isso inclui expectativas de desempenho acadêmico exagerado, responsabilidades domésticas intensas ou a necessidade de mediar conflitos familiares. Em contextos de vulnerabilidade social, muitas vezes crianças são obrigadas a assumir papéis de cuidado de irmãos ou de parentes, tornando-se “adultos em miniatura” sem a devida preparação emocional.

 

        Lélia Gonzalez destaca que crianças negras são frequentemente responsabilizadas mais cedo, recebendo demandas de maturidade que crianças brancas não enfrentam na mesma intensidade. Isso evidencia que a adultização precoce também está intrinsecamente ligada a desigualdades estruturais e sociais, reforçando padrões históricos de exploração e preconceito.

 

 Exploração Comercial e Midiática

 

        A exploração comercial da imagem infantil é outro fator significativo. O uso de crianças em campanhas publicitárias, shows e redes sociais pode sexualizar precocemente sua imagem e criar padrões de comportamento adulto. Crianças passam a ser vistas como produtos ou “miniaturas adultas”, e a pressão por desempenho e aparência gera impactos diretos na autoestima e na saúde emocional.

 

        Pesquisas indicam que a exposição midiática precoce está relacionada à internalização de normas sociais rígidas de gênero, reforçando estereótipos e contribuindo para desigualdades futuras. Isso é especialmente preocupante quando combinado com a pressão digital, que cria um ciclo de validação e ansiedade contínuos.

 

 Falta de Regulação e Políticas Públicas

 

        Apesar de avanços legislativos, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), muitas crianças ainda não estão completamente protegidas contra riscos digitais e exploração precoce. A ausência de políticas públicas estruturadas e de fiscalização efetiva permite que empresas e indivíduos explorem a vulnerabilidade infantil, principalmente no ambiente online.

 

        O Projeto de Lei 2628/2022 (ECA Digital) representa um passo importante na proteção de crianças e adolescentes em ambientes digitais, estabelecendo mecanismos de controle parental, remoção de conteúdos impróprios e canais de denúncia. No entanto, é fundamental que essas normas sejam acompanhadas de educação digital, campanhas de conscientização e fiscalização comunitária.

 

Impactos Psicológicos e Sociais

 

        A adultização precoce tem impactos profundos e duradouros no desenvolvimento psicológico, social e emocional das crianças e adolescentes. Entre os principais efeitos, destacam-se:

 

Baixa Autoestima e Distorção da Autoimagem

 

        A pressão para atender a padrões estéticos e comportamentais adultos afeta diretamente a percepção que a criança tem de si mesma. Comparações constantes com padrões idealizados levam à insegurança, sentimentos de inadequação e frustração. Isso compromete a formação de uma identidade sólida e aumenta o risco de distúrbios psicológicos.

 

Ansiedade e Depressão

 

        A sobrecarga emocional decorrente de responsabilidades inadequadas à idade gera ansiedade crônica, insônia e, em muitos casos, depressão. Crianças adultizadas aprendem a priorizar as necessidades alheias em detrimento das próprias, criando um ciclo de estresse contínuo que prejudica o equilíbrio emocional e o desempenho acadêmico.

 

Transtornos de Estresse Pós-Traumático (TEPT)

 

        Casos de exploração sexual ou vazamento de imagens podem desencadear TEPT, manifestando-se como flashbacks, medo constante e retraimento social. Crianças e adolescentes expostos a situações de adultização extrema apresentam dificuldade de confiança em adultos e em instituições, comprometendo a socialização e a capacidade de aprendizado.

 

Reforço de Estereótipos de Gênero e Desigualdades Sociais

 

        A adultização precoce tende a reforçar normas rígidas de gênero. Meninas, por exemplo, são frequentemente sexualizadas mais cedo, enquanto meninos são pressionados a demonstrar força emocional ou assumir responsabilidades domésticas e sociais de forma desproporcional. Além disso, crianças negras e periféricas são mais vulneráveis à sobrecarga de responsabilidades, evidenciando como a adultização está ligada a desigualdades estruturais e raciais

 

(https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/2025/agosto/adultizacao-infantil-como-reconhecer-prevenir-e-proteger-criancas-e-adolescentes/).

 

 

        O brincar é essencial para o desenvolvimento cognitivo, social e emocional. Crianças adultizadas muitas vezes perdem o tempo de lazer e socialização, prejudicando habilidades de criatividade, empatia e resolução de problemas. A falta de experiências lúdicas compromete a capacidade de lidar com frustrações e de construir relações saudáveis.

 

        Crianças adultizadas frequentemente assumem papéis de mediadores ou conselheiros de adultos. Isso altera a dinâmica familiar, colocando a criança em uma posição de responsabilidade emocional que não deveria ocupar. Como resultado, surgem sentimentos de culpa, insegurança e medo de falhar, além de relações familiares tensionadas.

 

Conexão Pedagógica e Comunitária

 

        Escolas e famílias desempenham papel central na prevenção da adultização precoce. Educadores e profissionais da saúde podem atuar na identificação precoce de sinais de sobrecarga emocional, promovendo ambientes seguros para o desenvolvimento infantil. A pedagogia afetiva, baseada no respeito ao tempo da criança, garante que o aprendizado e a socialização ocorram de forma gradual e saudável.

 

        Coletivos especializados podem criar projetos comunitários que envolvam pais, professores, conselhos tutelares e associações, fortalecendo redes de proteção e promovendo educação digital responsável. A participação da comunidade é essencial para que a discussão sobre adultização precoce se transforme em ações concretas e duradouras, evitando que o tema se limite a debates momentâneos.

 


 Exploração Comercial, Políticas Públicas e Proteção Integral

 

        A adultização precoce é um fenômeno complexo, que não se restringe a experiências individuais, mas se manifesta de forma ampla na sociedade contemporânea. Entre os fatores mais críticos está a exploração comercial e midiática, que afeta diretamente a forma como crianças e adolescentes percebem o mundo e a si mesmos. Essa exposição, muitas vezes potencializada pelas redes sociais e pelo acesso irrestrito a conteúdos digitais, interfere no desenvolvimento emocional, social e cognitivo, gerando consequências duradouras.

 

 Exploração Comercial e Midiática

 

        O uso da imagem de crianças em campanhas publicitárias, influenciadores digitais e programas de entretenimento pode gerar uma sexualização precoce e uma percepção distorcida sobre o que significa ser criança. O fenômeno da infantilização de adultos e da adultização de crianças, ao mesmo tempo, é reforçado quando empresas, marcas e produtores midiáticos transformam a imagem infantil em um recurso de marketing, muitas vezes ignorando as implicações éticas e psicológicas. Crianças passam a representar ideais estéticos ou comportamentais, sendo pressionadas a reproduzir padrões adultos de beleza, sucesso e comportamento.

 

        Essa exposição se torna ainda mais crítica quando combinada com o acesso não monitorado a plataformas digitais, que muitas vezes não possuem filtros adequados para proteger menores de idade. A internet oferece um espaço de consumo de conteúdos não supervisionados, incluindo propagandas, vídeos e redes sociais, onde crianças absorvem padrões e expectativas que não correspondem ao seu estágio de desenvolvimento emocional e cognitivo. A pressão para se adequar a esses padrões gera ansiedade, insegurança e comprometimento da autoestima, evidenciando a necessidade urgente de regulamentação e educação digital.

 

        Pesquisadores como Rossandro Klinjey e Augusto Cury destacam que crianças submetidas a esse tipo de exposição precoce podem desenvolver mecanismos de autoproteção emocional que, a longo prazo, dificultam relações saudáveis e a expressão autêntica de sentimentos. A pedagogia contemporânea enfatiza a importância de ambientes seguros e lúdicos, nos quais crianças possam explorar, brincar e aprender sem sobrecarga de responsabilidades adultas.

 

 Efeitos na Autoimagem e na Identidade

 

        O impacto da exploração midiática e comercial vai além da sexualização precoce. Crianças e adolescentes internalizam padrões de beleza, comportamento e consumo que muitas vezes são inalcançáveis, criando uma percepção distorcida de si mesmos. A busca por aprovação externa e aceitação social torna-se uma constante, interferindo no processo de construção da identidade. Estudos apontam que a comparação frequente com influenciadores e personagens midiáticos pode gerar baixa autoestima, insatisfação corporal e sentimentos de inadequação, criando um terreno fértil para a ansiedade e depressão.

 

        Além disso, a exposição constante a padrões adultos pode levar crianças a negligenciar o brincar, a exploração lúdica e o convívio social, essenciais para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, emocionais e sociais. O brincar é um instrumento de aprendizagem e de construção de relações interpessoais; sua ausência compromete a capacidade de empatia, criatividade e resolução de conflitos.

 

Relação com Desigualdades Sociais e Raciais

 

        Estudos históricos e contemporâneos mostram que crianças negras e de populações vulneráveis são frequentemente mais responsabilizadas e adultizadas de forma precoce. Frantz Fanon, Abdias do Nascimento e Lélia Gonzalez analisaram como padrões sociais e raciais estruturam a vida de crianças, impondo responsabilidades que vão além do desenvolvimento esperado para a idade. Essa sobrecarga cria desigualdades persistentes, perpetuando ciclos de exploração e exclusão social.

 

        No contexto midiático, a representação de crianças negras é muitas vezes limitada a estereótipos, reforçando normas rígidas de gênero e expectativas adultas. A combinação entre exploração comercial, padrões midiáticos e desigualdades estruturais evidencia que a adultização precoce não é apenas um fenômeno individual, mas um reflexo de problemas sociais e culturais profundos.

 

 Falta de Políticas Públicas Estruturadas

 

        Apesar de avanços legislativos, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), muitas crianças ainda não estão completamente protegidas contra riscos digitais, exploração de imagem e pressões sociais desproporcionais. O Projeto de Lei 2628/2022 (ECA Digital) busca criar mecanismos de controle e proteção em ambientes digitais, mas sua efetividade depende de complementos: ações educativas, fiscalização contínua e articulação com famílias e comunidade.

 

        A legislação brasileira estabelece direitos fundamentais, como o direito ao lazer, à educação, à convivência familiar e à proteção contra exploração. No entanto, na prática, ainda existem lacunas significativas. Plataformas digitais muitas vezes não implementam medidas efetivas de proteção infantil, e pais e responsáveis nem sempre possuem ferramentas ou conhecimento suficiente para acompanhar a exposição de crianças a conteúdos inadequados.

 

 Iniciativas Jurídicas e Comunitárias

 

        No âmbito jurídico, existem mecanismos que podem ser acionados para intensificar a proteção infantil:

 

        Ações Civis Públicas: Podem responsabilizar empresas ou indivíduos que violem direitos de crianças e adolescentes, especialmente no contexto de exploração digital ou sexualização precoce.

 

Mobilização Popular: Incentiva a participação da comunidade na discussão e elaboração de políticas públicas, fortalecendo a fiscalização e a criação de projetos estruturados.

 

Fiscalização de Plataformas Digitais: Garantir que provedores de internet e redes sociais cumpram regras de proteção de menores, com controles parentais, remoção de conteúdos impróprios e canais de denúncia acessíveis.

 

A articulação entre órgãos públicos, organizações comunitárias, conselhos tutelares e sociedade civil é essencial para que essas medidas não permaneçam apenas no papel, mas se traduzam em ações concretas e efetivas.

 

Impactos Psicológicos e Sociais

 

        A adultização precoce tem consequências profundas e multifacetadas na saúde mental e emocional das crianças e adolescentes. Entre os principais efeitos estão:

 

Ansiedade e Estresse: Crianças adultizadas aprendem a lidar com pressões excessivas e expectativas irreais, gerando ansiedade crônica, insônia e dificuldades de concentração.

 

Baixa Autoestima: A constante comparação com padrões adultos, especialmente em redes sociais, compromete a percepção de valor pessoal e a confiança em si mesmo.

 

Transtornos Psicológicos: A sobrecarga emocional e a exposição precoce podem resultar em depressão, distúrbios de comportamento e, em casos mais graves, Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).

 

Dificuldade em Brincar: O brincar é fundamental para o desenvolvimento cognitivo, social e emocional. Crianças adultizadas tendem a negligenciar o tempo de lazer e socialização, perdendo oportunidades essenciais de aprendizado e construção de vínculos.

 

Perpetuação de Desigualdades Sociais e de Gênero: Estudos mostram que meninas e crianças negras são frequentemente mais responsabilizadas, revelando padrões estruturais de desigualdade que reforçam estereótipos desde cedo.

 

Pesquisadores como Rossandro Klinjey, Augusto Cury e Bell Hooks destacam a importância de abordagens pedagógicas e comunitárias que promovam o desenvolvimento emocional saudável. A proteção infantil deve considerar a totalidade do contexto social, familiar e cultural em que a criança está inserida.

 

 Mobilização Comunitária e Coletiva

 

        A proteção da infância depende da articulação de diversos atores sociais. Conselhos tutelares, organizações comunitárias, escolas, famílias e profissionais da saúde devem trabalhar de forma integrada para criar redes de apoio eficazes. A criação de coletivos especializados é um mecanismo valioso para desenvolver materiais educativos, ações de conscientização, campanhas e programas que envolvam toda a comunidade.

 

        O trabalho coletivo permite que a discussão sobre adultização precoce não se limite a debates momentâneos ou modismos, mas se transforme em ações práticas e contínuas. A articulação comunitária também possibilita incluir perspectivas pedagógicas, religiosas e culturais, tornando as iniciativas mais abrangentes e efetivas.

 

 Conselhos e Iniciativas

 

Jardinópolis-SP: O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), junto com o Conselho Tutelar, formula políticas públicas voltadas à infância e adolescência. Entre suas diretrizes estão a defesa de direitos, fiscalização de políticas públicas, gestão do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (FMDCA) e registro de organizações da sociedade civil.

 

Contatos: Rua Rui Barbosa, nº 1.038, Centro, Jardinópolis/SP

Telefone: (16) 3663-3721

E-mail: [cmdca@jardinopolis.sp.gov.br](mailto:cmdca@jardinopolis.sp.gov.br)

Website: [https://www.jardinopolis.sp.gov.br/portal/secretarias/2/cmdca](https://www.jardinopolis.sp.gov.br/portal/secretarias/2/cmdca)

 

Passos-MG:O CMDCA local, em parceria com organizações como a Associação Servirás de Assistência Social, desenvolve projetos socioeducativos voltados à proteção de crianças e adolescentes.

 

Contatos CMDCA Passos: Rua Rui Barbosa, nº 1.038, Centro, Passos/MG

Telefone: (35) 3661-2323

E-mail: [cmdca@passos.mg.gov.br](mailto:cmdca@passos.mg.gov.br)

Instagram: [https://www.instagram.com/cmdcapassos](https://www.instagram.com/cmdcapassos)

 

Contatos Associação Servirás: Rua Campos Gerais, nº 899, Bairro Coimbra, Passos/MG

Telefone: (35) 4103-0056

E-mail: [rodrigoaserviras@gmail.com](mailto:rodrigoaserviras@gmail.com)

 

Projetos em Belo Horizonte e em municípios de Minas Gerais, como o PL 2.227/24, estabelecem medidas contra a erotização precoce e adultização digital, servindo de referência para outras iniciativas. Essas ações demonstram que políticas públicas estruturadas e fiscalização constante podem reduzir a vulnerabilidade infantil e promover um desenvolvimento saudável.

 

 

Sendo assism,a adultização precoce é um fenômeno multifacetado, que envolve dimensões psicológicas, sociais, pedagógicas, jurídicas e comunitárias. Sua prevenção exige articulação entre famílias, escolas, comunidade, especialistas e órgãos públicos, de forma contínua e integrada.

 

        Projetos coletivos e iniciativas técnicas e éticas são fundamentais para gerar mudanças duradouras. A proposta da “Lei da Adultização” deve ser encarada como um ponto de debate e mobilização popular, estimulando reflexões sobre a proteção integral das crianças e adolescentes. Garantir a infância como espaço de aprendizagem, lazer e desenvolvimento emocional saudável é um dever coletivo que demanda compromisso, participação ativa e planejamento estruturado.


Reportagens e Matérias Complementares


Adultização e sexualização precoce de crianças e adolescentes é tema de debate na Câmara: (https://www.camara.leg.br/noticias/1191960-adultizacao-e-sexualizacao-precoce-de-criancas-e)

Adultização infantil: como reconhecer, prevenir e proteger crianças e adolescentes: (https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/2025/agosto/adultizacao-infantil-como-reconhecer-prevenir-e-proteger-criancas-e-adolescentes)


Adultização: o que significa e o que causou a polêmica; entenda:(https://www.cnnbrasil.com.br/lifestyle/adultizacao-o-que-significa-e-o-que-causou-a-polemica-entenda)


Adultização infantil e segurança digital: PL 2628/2022: (https://www.fadc.org.br/noticias/adultizacao-pl-2628)

Os efeitos da adultização no desenvolvimento emocional da criança:(https://veja.abril.com.br/coluna/letra-de-medico/os-efeitos-da-adultizacao-no-desenvolvimento-emocional-da-crianca)





 

 

Referências Bibliográficas

 

Klinjey, R. Impactos emocionais da adultização precoce. São Paulo: Editora Gente, 2020

Cury, A. Gestão da Ansiedade e Inteligência Emocional. Rio de Janeiro: Sextante, 2015

hooks, b. Ensinar a Transgredir: A Educação como Prática da Liberdade. Rio de Janeiro: Vozes, 2000

Fanon, F. Pele Negra, Máscaras Brancas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1952

Gonzalez, L. Lugar de Negro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988

Nascimento, A. O Genocídio do Negro Brasileiro. São Paulo: Paz e Terra, 1978

Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal nº 8.069/1990

PL 2.227/24, Assembleia Legislativa de Minas Gerais: [https://www.almg.gov.br/comunicacao/noticias/arquivos/Projeto-para-combater-adultizacao-e-uso-excessivo-de-telas-e-votado-em-Plenario](https://www.almg.gov.br/comunicacao/noticias/arquivos/Projeto-para-combater-adultizacao-e-uso-excessivo-de-telas-e-votado-em-Plenario)

 


 


quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Seja como as criancinhas: o resgate da infância perdida

Episódio 1 " Seja como as criancinhas: resgate da infância perdida"


“Em verdade vos digo: se não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no Reino dos Céus.” 

Mateus 18:3






Olá, queridos leitores!


Em um mês com tantas datas comemorativas, decidimos condensar a maioria dos assuntos nesta série de artigos.  Sendo assim, a primeira  pergunta é:


Como anda a sua criança interior?



        A passagem de Mateus é um convite profundo para refletirmos sobre a essência da infância e sua importância na vida adulta. Tornar-se como criança não significa regressão, mas cultivar humildade, curiosidade, sensibilidade e confiança, qualidades que fortalecem o crescimento emocional, espiritual e ético.


Pela perspectiva pluralista:


Cristianismo→ humildade, confiança e abertura ao divino

Budismo→ mente aberta, desapego e presença plena

Hinduísmo→ alegria, espontaneidade e expressão do divino

Espiritismo, Umbanda e Candomblé→ sensibilidade, ética, axé e conexão espiritual


Resgatando a criança interior

Memórias, afetos e brincadeiras



        A criança que fomos ainda habita em nós, muitas vezes adormecida sob responsabilidades e expectativas. Resgatar essa criança envolve reviver memórias, afetos e experiências lúdicas, cultivando alegria, criatividade e sensibilidade.


Nossos teóricos de referência:


Rossandro Klinjey & Augusto Cury → Revisitar brincadeiras e histórias cura feridas emocionais da infância.

Carl Rogers & Marshall Rosenberg→ Autenticidade e comunicação empática mantêm viva a criança interior.

Howard Gardner → Reconectar talentos esquecidos estimula criatividade e expressão pessoal.


Exercício prático:


1. Pegue um caderno ou folhas em branco.

2. Desenhe algo que lembre sua infância.

3. Escreva uma história curta inspirada nesse desenho.

4. Compartilhe e reflita sobre as emoções surgidas.


Narrativa ilustrativa:

Ana, professora de 35 anos, revisitava seus desenhos de fadas da infância. Ao escrever contos curtos para si e para alunos, reviveu alegria e encantamento perdidos, integrando infância e maturidade.


Arte, literatura e filosofia

Pontes para a infância


A arte é um portal privilegiado para reconectar-se com a criança interior: pintura, música, dança, teatro e literatura evocam sentimentos, memórias e imaginação esquecidos.





  “A criança que fui ainda caminha comigo…”

Fernando Pessoa


"A fantasia como caminho para aprendizado existencial."

Rubem Alves

"Ternura e compaixão guiam escolhas éticas."

Chico Xavier


Exercício prático 


1. Escolha um livro ou poesia infantil que marcou sua infância.

2. Leia em voz alta, refletindo sobre emoções.

3. Escreva como essa história se conecta com você hoje.

4. Reinterprete a história para contexto adulto e observe insights.


Narrativa ilustrativa:

Carlos, advogado de 40 anos, criou uma oficina de contação de histórias para crianças. Ao ensinar, reviveu sua própria infância, aprendendo a viver com leveza, criatividade e empatia.


. Brincadeiras, afetos e memórias

Atividades lúdicas fortalecem inteligência emocional, criatividade e empatia:




* Escrita criativa

* Desenho e pintura

* Jogos simbólicos e dramatizações

* Leitura de literatura infantil

* Meditação e contemplação


Exercício prático

1. Escolha uma atividade lúdica da infância.

2. Dedique 30 minutos diários para praticá-la.

3. Observe sentimentos, pensamentos e insights.

4. Escreva como a prática influencia seu comportamento e relacionamentos.


Narrativa ilustrativa:

Mariana, engenheira de 32 anos, redescobriu espontaneidade e alegria ao pintar, tornando-se mais paciente e empática com colegas.



 A criança pluralista

Integração de perspectivas




Integrando teologia, psicologia, educação, literatura, ética e espiritualidade:


* Teológico/espiritual: pureza e humildade

* Psicológico: expressão emocional e inteligência emocional

* Educacional: múltiplas inteligências

* Literário/artístico: memórias afetivas, imaginação

* Social/ético: liberdade e valores

* Mediúnico: ternura e compaixão


Maturidade e integração da criança interior

Adultos que cultivam a criança interior:



* Expressam emoções com autenticidade

* Desenvolvem empatia

* Integram talentos e potencialidades

* Mantêm espanto e criatividade


Narrativa ilustrativa:

Pedro, executivo de 45 anos, retomou música e desenho da infância. Isso trouxe leveza, empatia e autenticidade à sua vida profissional e pessoal.


Sobre os semeadores

“Semeadores da infância interior"




Professores ensinam mais do que conteúdos: valores, criatividade, ética e sonhos. Celebrar professores é celebrar a criança interior que existe em cada ser humano, lembrando que ensinar é aprender a viver com ternura, curiosidade e espanto.


Lúcia, professora de história, incentiva alunos a imaginar mundos e contar histórias, revivendo sua própria infância e multiplicando talentos na comunidade escolar.



A Parábola dos Talentos

Quais são os seus talentos?







Cada talento representa habilidade despertada na infância curiosidade, criatividade, empatia, coragem

Ignorar a criança interior = desperdiçar talentos

 Resgatar brincadeiras e memórias = multiplicar dons


Narrativa ilustrativa:

João, músico e pai de dois filhos, retoma o piano e compõe novas músicas, multiplicando talentos e expressando alegria e criatividade, transformando sua vida e a comunidade.



 Integrar infância e maturidade significa viver plenamente, ético e criativo, multiplicando os dons recebidos.


O criador do Blog diz:


"Caros companheiros,



        É impossível gerar a excelência sem estimular. Ninguém caminha sozinho. Precisamos ter sempre pessoas que torcem, acompanham e sinalizam nesse processo. Muitas vezes, nos concentramos e oferecer algo que a sociedade precisa e esquecemos do nosso próprio coração. Muitos de nós temos habilidades adormecidas e buscamos conhecimento fora da nossa intelectualidade. Na verdade, nascemos com sementes plantadas por Deus em nossa alma. Ao longo do tempo, precisamos de pessoas para ajudarmos a cuidar delas.



Viver é abraçar a  constante arte de lapidar-se.



        Eu só sou o que sou graças ao apoio dos meus pais que foram meus primeiros professores da vida. Assim como eu tive professores extraordinários por onde passei. Professores que vibraram por mim e que, hoje, aplaudem o homem que me tornei. Em minhas orações eu estabeleço como docente não só o compromisso buscar estimular o jovens a serem melhores do que eu mas também de buscar apoiar colegas, camaradas que hoje sofrem questões emocionais profundas. Não somos guerreiros,não somos heróis. Somos profissionais. Profissionais essenciais para a construção de todas as profissões.


Por isso, caro colega


Sinta-se abraçado. Eu errei muito nesse processo e ainda erro. Somos limitados, temos defeitos e às vezes desejamos abandonar o barco por inúmeras questões.


Mas o que eu posso dizer aos professores simples, aos graduados, aos não graduados.  Aos letrados e aos não letrados. Aos que ensinam, mas não tiveram oportunidade de cursar algo.


Tamo junto!

 Meu conselho é: erga a sua cabeça, posicione-se!


Seu palco é a sala de aula. Quando cansar, descanse e depois brinque!

Todos nós, adultos e, eternas crianças precisamos de amor.

Parabéns


Professor Weberton da Silva Moreira."



Ilustrado pela professora Vania Couto e sua filha Júlia


“O Senhor é o meu Pastor e nada me Faltará”





Referências


Bíblia Sagrada. (2011). Almeida Revista e Atualizada.

Alves, R. (1997). O que é educação. Papirus.

Cury, A. (2007). O código da inteligência. Editora Sextante.

Gardner, H. (2006). *Estruturas da mente: a teoria das múltiplas inteligências. Artmed.

 hooks, b. (1994). Teaching to transgress: Education as the practice of freedom. Routledge.

 Klinjey, R. (2012). Inteligência emocional para crianças e adultos. Editora Vozes.

 Pessoa, F. (1982). Páginas do Livro do Desassossego. Companhia das Letras.

Rogers, C. (1961). On Becoming a Person: A Therapist’s View of Psychotherapy. Houghton Mifflin.

 Rosenberg, M. (2003). Nonviolent Communication: A Language of Life

. PuddleDancer Press.

Xavier, C. (1973). Parnaso de além-túmulo. Federação Espírita Brasileira.