Entrei no
quarto, ela, como sempre atrasada. Mas estou acostumado, sabia que
valia a pena esperar. Havia escolhido um lugar melhor, com uma
decoração mais contemporânea. Era um jeito de mostrar que não
estava mais disposto a economizar. Era grande, de tão limpo dava a
impressão de ser um ambiente esterilizado. Poderíamos até usar a
hidromassagem, já que havia trocado os vinhos por vodka e não tinha
nem olhado para o aparelho de som pois, definitivamente, não iríamos
precisar daquilo tudo. Nem da enorme TV, nem dos sais de banho talvez
nem da bela vista para o mar.
Ouvi as
quatro batidas lentas na porta, era o nosso código. Corri para
abrí-la e gostei do que vi. Ela estava incrível. Usava um vestido
decotado vermelho que realçava suas curvas, usava um batom da mesma
cor, cabelo e maquiagem impecável.
Ela me
devorava com seus belos olhos azuis. Logo pulou em meu colo e mostrou
porque veio aqui.
Começamos
intensos. Eu sentia que ela tinha vontade de mim e isso me excitava
cada vez mais. Estávamos acelerando, nossos corpos esquentando e
cada vez mais entrelaçados. Apoiei ela no móvel próximo da porta
e ali começamos. Despimo-nos rapidamente, parecia que o mundo
acabaria naquele instante. Percorria rapidamente seu corpo com os
lábios e percebia seus arrepios, aquilo me fazia delirar. Segurava
em seus cabelos com firmeza e mergulhava em sua nuca, sabia que ela
gostava assim.
Ela também
estava determinada em me satisfazer, suas mãos passavam pelo meu
corpo com uma certa voracidade.
Que
atitude! Beijos de todos os tipos, carícias, mordidas... Eu a pegava
por trás com uma mão, beijava sua nuca e com a outra tocava seus
seios. Ouvia ela gemer e sentia sua pulsação aumentando, estávamos
em sintonia. Então joguei-a na cama e decidi mostrar o meu melhor.
Estávamos brigando pelo poder. Hora deixava ela me dominar, hora a
enquadrava duramente. Ficamos bons minutos assim. Iria começar a
melhor parte. Fechei os olhos. Ela ia beijando meu tórax e
continuava descendo até o meu abdome. Enfim chegou na virilha, minha
pulsação aumentava e eu estava bem ansioso para que chegasse lá.
Quando
abri, podia ver perfeitamente a cena dela em cima de mim pelo enorme
espelho. Foi aí que me veio algo na cabeça.
Ela parou. Esfriamos imediatamente. Ergueu a
sombracelha e deitou do meu lado. Ficamos alguns instantes em
silêncio. Falar o que? Afinal.
- Que
foi? - ela começou.
- Qual
é o seu nome mesmo?
- Isso
importa agora?
- Acho
que deveríamos pelo menos saber os nossos nomes, já fazem 2 meses.
- Sim,
o tempo passa rápido. Saber o meu nome faz diferença pra você? Eu
deixei bem claro no meu perfil o que pretendia, sem compromisso –
ela levantou da cama e começou a se vestir.
- Já
que temos tanta intimidade eu poderia saber um pouco da sua vida –
observava ela colocar seus sapatos.
- Você
não sabia de nada sobre mim nesses 2 meses e só agora vem me
perguntar? Me poupe – ela falou mais firme e foi seguindo em
direção a porta.
- Sei
que você anda esgotada, provavelmente do trabalho e tenta esconder
isso debaixo da sua maquiagem.
Ela levou
a mão na maçaneta, parou e abaixou a cabeça.
- Continue.
- Pelo
fato de ter ignorado a música, as pétalas e nunca termos jantado
em um restaurante decente, pode ser que você tenha medo de se
apaixonar.
- Engano
seu...
-Eu
também pensei que fosse. Já me enganei muitas vezes também.
- Então
por que insiste de novo?
- Porque
não vou parar até encontrar alguém que vale a pena. E no fundo
sei que é o que você quer.
Ela se
virou e olhou para mim e deu dois passos em minha direção, eu já começava a colocar as minhas roupas
também.
- Você
não sabe de nada. Eu não me apego a ninguém e homem nenhum
presta.
- Isso,
e por causa de uma desilusão tem medo de recomeçar.
- Vai
se ferrar! - ela me encarou – Não entendo porque só agora você
só veio falar isso para mim agora, afinal você estava curtindo.
Já de pé,
vesti minha camisa e olhei fixamente para ela.
- Não
sabia que você valia a pena.
- É
vidente agora?
- Não,
só percebi as coisas tarde demais.
- Do
que você está falando?
Tirei do
bolso um papel amassado.
- “Talvez,
esse seja o meu destino: não pertencer a ninguém. Pensando bem, é
uma ótima alternativa pois não estaria perdendo algo. No fundo,
todos nós somos substituíveis e eu aprendi isso com dificuldade.
Ele se foi, assim como outros irão também e mesmo com esse vazio
dentro de mim, creio que seja a melhor opção...” - parei por
ali.
Seus olhos
encheram d'água.
- Como
você encontrou isso?
- Por
acaso caído no chão do seu carro – havíamos combinado de sempre
revezar nas caronas, nas contas do lugares que iríamos, tudo isso
para não criar vínculos.
- Isso
importa para você? – ela desviou o olhar.
Eu me
aproximei dela e toquei em seu rosto macio.
- Não,
quer dizer, não importava até hoje.
Ela se
virou, caminhou até a porta e olhou para trás.
- Você
não vem? - sorriu
Fui em sua direção.
- Prazer, Ana – ela estendeu a mão.
- Prazer,
Ricardo.
- Dessa
vez, eu escolho o lugar... Ricardo
Um retrato da realidade de muitas pessoas. O tão assustador medo de amar.
ResponderExcluirEsse eu considero o melhor texto que eu escrevi... Sim, sim muitas pessoas tem medo de se entregar.
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